O universo interdisciplinar da história
O desenvolvimento do conhecimento histórico passou por significativas mudanças ao logo século XX, principalmente após a criação da revista do Annales, que revolucionou o modo de pensar a produção do conhecimento histórico. Entre as inovações podemos destacar a interdisciplinaridade, que passou a estabelecer o diálogo com outras disciplinas, ampliando o campo de visão da história trazendo novos problemas e discussões. Neste contexto passou a aproximar-se da psicologia fazendo uma interlocução entre a história e o universo mental dos seres humanos. Desta conjuntura surgiram novos temas que passaram a incorporar o complexo universo da historiografia contemporânea. Assim descreve José D'Assunção Barros:
História e Psicologia são duas ciências humanas que tradicionalmente estudam os comportamentos dos homens em sua vida social, cada qual a seu modo e dentro de suas próprias práticas e referências teóricas. Deste modo, não é de se estranhar que estes dois campos do saber se vissem cada vez mais destinados a interagir, à medida que, no decurso do século XX, a interdisciplinaridade foi se destacando como uma tendência importante tanto para o desenvolvimento conjunto dos saberes científicos como para, em particular, para os desenvolvimentos específicos de uma historiografia mais moderna e complexa. (BARROS, 2011, p. 253)
As relações entre a história e a psicologia se intensificaram através dos novos campos metodológicos que passaram a valorizar a natureza mental dos seres humanos. Os primeiros a se interessarem por esse método não convencional foram os chamados historiadores das mentalidades, que realizaram um complexo estudo sobre o inconsciente coletivo, que segundo a psicologia representa um fundo mental coletivo inconsciente que se constitui em um determinado agrupamento humano. As utilizações destas teorias na história foram polemicas ao ponto de questionarem a veracidade da mentalidade coletiva