O trauma

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é estruturado a partir de um traço da paciente atendida no estágio específico, trazendo a temática do trauma e seu funcionamento no aparelho psíquico, bem como a articulação à fala e colocações da paciente percebidas através da escuta clínica.
Algumas considerações para fins de identificação da paciente: sexo feminino; 55 anos; divorciada; mãe de 03 (três) filhos; evangélica; ensino superior incompleto (cursando Direito); tendo sido atendida até a presente data em 10 (dez) sessões, às quais compareceu regularmente. A paciente trouxe a queixa de “não agüentar mais a dor do filho pela ausência do pai” e o fato de “não conseguir aceitar o abandono do marido sem justificativa”. Salienta-se que a paciente foi casada por 30 (trinta) anos e há 07 (sete) anos atrás o marido “fugiu” de casa. Relatou que a saída de casa do marido coincidia com um momento delicado de saúde, em que foi diagnosticada com câncer de mama e fazia tratamento nesse período.
O tema do trabalho foi estudado a partir de textos de Freud, do livro “O trauma e seus destinos” da psicanalista Ana Lila Lejarraga, numa releitura das obras freudianas. Foram lidos, ainda, textos na área psicossomática, com enfoque na psico-oncologia.
A noção de trauma está presente desde os primeiros escritos de Freud, e podemos dizer que está na base de sua concepção de aparelho psíquico. Este é concebido como um aparato de captura e transformação de excitações provenientes tanto de fonte exógena como de fonte endógena. Sem um mínimo de dor, que funcionaria como sinal, sequer seriam formados os primeiros mecanismos defensivos, as estruturas de retardamento a partir das quais vai se estruturar o aparelho psíquico. Entendemos que estas estruturas elementares, assim como o aparato psíquico considerado como um todo, têm por tarefa primordial dominar o excesso de excitação, caso contrário sobreviria o desprazer, a dor ou mesmo o trauma.
O termo trauma deriva do grego e tem o significado de