O SERVIÇO SOCIAL E TRADIÇÃO MARXISTA
Quero esclarecer, inicialmente que esta intervenção sobre serviço sócia e tradição marxista não pretende mais que oferecer, de forma intencionalmente polêmica, uma breve síntese de algumas reflexões que me parecem minimamente pertinentes. Aceitando o convite para participar desde ciclo de conferências e debates, julguei que seria válida uma contribuição que avançasse pistas e sugestões para balizar um terreno de discussão e confronto Idea. Para tanto, tratarei da interlocução entre o serviço social e a tradição marxista tematizando-a a partir de três núcleos distintos: as vertentes culturais nas quais se inserem Marx e o Serviço Social; um pouco dos desdobramentos problemáticos destes interlocutores; e, enfim, das possibilidades de interação entre ambos. Advirto, desde já que serei obrigado, pela própria nataruza deste encontro, a deixar sem maiores aprofundamentos.
Duas vertentes culturais antagônicas
Se começa pela referência ás vertentes culturais em que se inserem o pensamento de Marx e o Serviço Social, devemos ter a máxima clareza de que se pode verificar aí dois movimentos diversos: um que estabelece uma espécie de “denominador comum” entre estes protagonistas e outro que, no meu entender, assinala o inteiro antagonismo genético entre eles.
De fato, ambos têm como substrato imediato o que está sinalizado na nossa bibliografia sob o rótulo de “questão social” – vale dizer, sem eufemismo, o conjunto de problemas econômicos, sociais, políticos, culturais e ideológicos que cerca a emersão da classe operária como sujeito sociopolítico no marco da sociedade burguesa.
Esta diferença parece tão somente cronológica, historiográfica – mas nela se contém algo de outra ordem. Para Marx, o que é bibliografia tradicional do Serviço Social (e não só) entende por “questão social” é um complexo de processos absolutamente indivorciavel do capitalismo; mais exatamente, para Marx, o capitalismo é a produção e e reprodução