O psicopata e a perversão do prazer
Pricila Vieira - 8º período do Curso de Letras - PUC-GO.
A leitura de The Tell-Tale Heart, obra de Edgar Allan Poe, sobre a loucura, nos remete à entrevista do psicólogo canadense Robert Hare para a revista Veja de 01 de abril de 2009. Na entrevista o psicólogo afirma que, superficialmente, um psicopata pode parecer um sujeito normal, mas, ao conhecê-lo melhor, as pessoas notarão que é um indivíduo problemático. Diz ele: “Os psicopatas apresentam comportamentos que podem ser classificados de perversos, mas que, na maioria dos casos, tem por finalidade apenas tornar as coisas mais fáceis para eles.” (2009, pág. 20). A princípio, este enunciado acima se enquadra no perfil do assassino de Edgar Allan Poe, pois ao longo do conto, ele manifesta sintomas de psicopatia e de loucura. Ele demonstra sua perversidade através da frieza com que executa o ato. E neste caso, a frieza foi uma atitude que facilitou a ação do assassino. Um indivíduo considerado psicopata foge dos padrões de comportamento da sociedade em que vive e não consegue ver nada de errado em seu próprio comportamento, de acordo com Hare. É o que acontece com o narrador do conto no primeiro parágrafo, quando tenta convencer o leitor de que está sendo mal interpretado e alega que a enfermidade lhe aguçara os sentidos, principalmente a audição, fazendo-o escutar coisas da terra, do céu e do inferno. Temos a sensação, em determinado momento, que o autor está narrando os fatos pertinentes a um mundo real. Um mundo que existe. O mundo dos loucos, no qual os “lúcidos” não podem penetrar. Há ainda outro parâmetro a ser averiguado, em função deste tema de Poe. Erasmo de Roterdã em seu livro O Elogio da Loucura, menos denso, no trato da loucura adjetiva-a de o eu-lírico. É este eu-lírico que serve para justificar os devaneios “contemplativos” de um mundo muito pessoal, habitat