O povo brasileiro

1 MATRIZES ÉTNICAS
A ILHA BRASIL
A costa atlântica, ao longo dos milênios, foi percorrida e ocupada por inúmeros povos indígenas, que iam disputando os melhores nichos ecológicos. Nos últimos séculos, porém, índios de fala tupi, se instalaram, na área, tanto à beira‐mar, ao longo de toda acosta atlântica e pelo Amazonas acima, como subindo pelos rios principais, como o Paraguai, a Guaporé, o Tapajós, até suas nascentes.
Não era, obviamente, uma nação, porque eles eram tão dominadores. Era, apenas, uma miríade de povos tribais, falando línguas do mesmo tronco, dialetos de uma mesma língua.
A introdução no seu mundo de um protagonista novo, o europeu, mostrou que esse grupelho recém-chegado de além-mar era superagressivo e capaz de atuar destrutivamente de múltiplas formas.
Principalmente como uma infecção mortal sobre a população preexistente, debilitando‐a até a morte.
Esse conflito se dá em todos os níveis, predominantemente no biótico, como uma guerra bacteriológica travada pelas pestes que o branco trazia no corpo e eram mortais para as populações indenes. No ecológico, pela disputa do território, de suas matas e riquezas para outros usos. No econômico e social, pela escravização do índio, pela mercantilização das relações de produção. No plano étnico‐cultural, essa transfiguração se dá pela gestação de uma etnia nova, que foi unificando, na língua e nos costumes, os índios desengajados de seu viver gentílico, os negros trazidos de África, e os europeus aqui aquerenciados. Era o brasileiro que surgia, construído com os tijolos dessas matrizes à medida que elas iam sendo desfeitas.

A MATRIZ TUPI

Os grupos indígenas encontrados no litoral pelo português eram principalmente tribos de tronco tupi que, havendo se instalado uns séculos antes, ainda estavam desalojando antigos ocupantes oriundos de outras matrizes culturais. Somavam, talvez, 1 milhão de índios, divididos em dezenas de grupos tribais, cada um deles compreendendo um conglomerado de várias