O povo brasileiro

Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
Colegiado de Ciências Sociais – CCS
Pensamento Antropológico Clássico no Brasil

Este texto tem o objetivo de estabelecer uma relação entre o texto de Lilia Schwarcz, “Espetáculo da Miscigenação” e o documentário “O povo brasileiro”, baseado no livro Do antropólogo Darcy Ribeiro intitulado com o mesmo nome. Ambos discutem um Brasil constituído através da mistura, sob perspectivas diferentes, visto que o documentário demonstra a construção de identidade nacional brasileira formada através da mistura de três “raças”, denominadas no livro como matrizes Tupis, Lusas e Afras, fincadas na figura do índio, do português e do negro, que estabeleceram no Brasil uma cultura hibrida, que não nega suas origens, mas torna-se una. Encarado como um encontro harmonioso entre estes povos. Uma analise passiva, que eleva o negro como o elemento mais criativo da cultura brasileira, contrário ao texto da Lilia, baseado em estudos “raciais” do final do século XIX, quando a heterogeneidade de raças era vista como erro que levava a degeneração do individuo. Segundo a autora, os homens de ciência tentavam explicar as diferenças de raças no Brasil através do evolucionismo e darwinismo social, teorias que condenavam grupos indígenas como inferiores fadados a desaparecer por ação da natureza, e justificavam hierarquias sociais e raciais, que garantiam a superioridade do branco e inferioridade do negro. O cruzamento racial era considerado o fator que tornou o povo brasileiro inferior, tornando o principal objetivo dos estudos a compreensão da degeneração das raças e a busca por solução para a miscigenação ou “ do problema negro”. Visões distintas de um mesmo tema, conflitos sociais e culturais que vem sendo discutidos desde o final do século XIX com o intuito de discutir o destino do país e sua identidade cultural, que embora no documentário a mistura tenha sido demonstrada pacificamente, sabemos que muitos foram os conflitos