O poder soberano e a vida nua

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O poder soberano e a vida nua.

Os gregos não possuíam um termo único para exprimir o que nós queremos dizer com a palavra vida. A simples vida natural é como mera vida reprodutiva.
Foulcault resume o processo através do qual, nos limiares da Idade Moderna, a vida natural começa, por sua vez, a ser incluída nos mecanismos e nos cálculos do poder estatal, e a política se transforma em biopolítica. Segundo Foucault, o “limiar de modernidade biológica” de uma sociedade situa-se no ponto em que a espécie e o indivíduo enquanto simples corpo vivente tornam-se a aposta que está em jogo nas suas estratégias políticas.
Já no fim dos anos cinquenta Hannah Arendt havia analisado o processo que leva o homo laborans e, com este, a vida biológica como tal, a ocupar progressivamente o centro da cena política do moderno.
Um das orientações mais constantes do trabalho de Foucault é o decidido abandono da abordagem tradicional do problema do poder na direção de uma análise sem preconceito dos modos concretos com que o poder penetra no próprio corpo de seus sujeitos e em suas formas de vida. É necessário considerar com renovada atenção o sentido da definição aristotélica da pólis como oposição entre viver e viver bem.
A formula singular “gerada em vista do viver, existente em vista do viver bem” pode ser lida não somente como uma implicação da geração no ser, mas também como uma exclusão inclusiva da zoé na pólis. A vida nua tem, na política ocidental, este singular privilégio de ser aquilo sobre cuja exclusão se funda a cidade dos homens. A política se apresenta então como a estrutura, em sentido próprio fundamental, da metafísica ocidental, enquanto ocupa o limiar em que se realiza a articulação entre o vivente e o logos.
O estado de exceção, no qual a vida nua era, constituída, na verdade, em seu apartamento, o fundamento oculto sobre o qual repousava o inteiro sistema político. Se algo caracteriza a democracia moderna em relação à clássica, é que ela se apresenta desde o

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