O Pesadelo de Darwin - Análise Beck

Uma boa forma de relacionar o primeiro capítulo do livro de Beck ao filme “O pesadelo de Darwin” é iniciando por uma análise do nome do filme. Em 1859, Charles Darwin publicou seu trabalho “A Origem Das Espécies” defendendo sua teoria da seleção natural, processo essencial na evolução das espécies, que seria a sobrevivência do mais forte e a adaptação do mais fraco ao meio em que vive. Nesse contexto, o nome do filme nos é a introdução do modo como a população africana se adaptou a centenas de anos de exploração européia, falta de recursos e desejo de sobrevivência: uma seleção natural nada natural. O texto de Beck se inicia dizendo que a produção social de riqueza está diretamente relacionada com a produção de riscos. Por um lado temos a riqueza, socialmente produzida porém desigualmente distribuída (não só entre classes sociais diferentes mas também através do globo). Por outro lado, a distribuição de riscos é cega, faz de todas as pessoas iguais. Enquanto que para uns as consequências são paupáveis para outros o perigo é invisível e, por isso, ignorado por grande maioria da população. Em palavras do texto: “a miséria é hierárquica, o smog é democrático”. Temos no filme uma ótima aplicação da teoria de Beck: para a produção de riqueza, o modelo capitalista se aproveita de áreas de produção em que o custo da matéria prima é baixo (juntamento com o baixo custo de mão de obra) - criando assim a socialização da produção - porém a mercadoria é exportada para áres em que a população tem dinheiro para pagar pelo produto final, sendo esse produto desigualmente destribuído. Porém, ambos os lados passam por consequências: em Mwanza (local do Lago Vitória, o maior lago de água doce africano e palco do documentário), trabalhadores recebem pouca renumeração, sofrem com as péssimas condições de trabalho e o Lago sofre degradação ambiental (sendo ele fonte de sobrevivência de toda a população que vive naquela região). No outro lado da história, na Europa e países de “1o