O nu na antiguidade clássica
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Uma das mais marcantes invenções da arte grega é, sem sombra dúvida, o nu (gymnos), esta invenção/descoberta pode ser entendida na medida em que os Gregos foram, de facto, quem estabeleceu a fórmula exacta para a concretização da arte – o Belo – elaborando um conjunto de normas e valores estéticos que constituíram modelos artísticos durante quase dois milénios. A definição do classicismo grego partiu de uma pesquisa objectiva do “real”, privilegiando o racional em relação ao religioso, cujo objectivo era, no limite, a expressão de uma ordem universal. Para tal, determinaram os princípios elementares da geometria plana e do espaço, e, pela primeira vez, as formas são representadas tal como se apresentam, com as deformações próprias do olhar e da perspectiva. Coube aos Gregos definir as noções básicas de proporção, medida, composição e ritmo, pelas quais se devia reger qualquer composição formal, segundo o princípio de que as partes de um conjunto se encontram ordenadas entre si, proporcionadas através de uma medida comum – o módulo –, que os Gregos entenderam por “cânone” (ou regra). O objectivo final da produção artística era procurar esta ordem que governava o mundo, e à qual se dava o nome de kosmos. Em oposição a este mundo ordenado e belo existia o chaos caracterizado pelo tumulto e pela desordem, sendo no entanto para a mentalidade grega a origem de tudo.
O artista/artesão grego coloca-se desta forma diante do mundo concreto, e “ é neste mundo, no estar, no aparecer, na aletheia, que ele busca o ser” . Assim sendo, as formas reproduzidas manifestam uma verdade tal, que não conseguimos concebe-las de um outro modo, existindo por assim dizer uma relação entre a criação e o kosmos onde habita. O nu é, acima de tudo, uma representação naturalista do mundo. Para ilustrar esta ideia podemos evocar a escultura de Doríforo onde a posição de contraposto, e a inclusão de elementos externos ao corpo conferem à representação uma extraordinária aferição ao real, aqui