O NOVI

O NOVIÇO

ATO PRIMEIRO CENA I

FLORÊNCIA – A inda não se vestiu Ambrósio?
AMBRÓSIO – Ainda é cedo, são nove horas e o ofício de Ramos começa ás dez e meia.
FLORÊNCIA – Precisamos ir mais cedo para pegarmos um bom lugar.
AMBRÓSIO – Para tudo há tempo. Minha bela Florência o que sua filha pensa do nosso projeto?
FLORÊNCIA – O que pensa eu não sei, nem quero saber, o que importa é que eu quero e basta. É dever dela obedecer.
AMBRÓSIO – Isso mesmo. Florência, me escute, sabe que tudo o que penso é em te fazer feliz... Do seu primeiro matrimônio te ficou dois filhos e teu marido foi um homem de muito juízo, lhe deixo herdeira de toda riqueza.
FLORÊNCIA – Pobre homem!
AMBRÓSIO – Quando te vi pela primeira vez não sabia que era viúva e rica. Simplesmente a amei
FLORÊNCIA – Sei disso amorzinho
AMBRÓSIO – E não foi por interesse que me casei contigo.
FLORÊNCIA – Foi o amor que nos uniu.
AMBRÓSIO – Sim, mas agora que estamos casados é meu dever cuidar dessa fortuna.
AMBRÓSIO – Sua filha está jovem e em tempo de se casar, se ela se casar terá um genro que exigirá que ela seja sua herdeira mulher. Para acabar com esse problema acho que poderia mandar Emília para um convento para que seja freira.
FLORÊNCIA – Coitadinha! Tenho pena dela, um convento é tão triste.
AMBRÓSIO – O convento é um lugar de salvação, único lugar de inocência e verdadeira felicidade.
FLORÊNCIA – É verdade. AMBRÓSIO – A juventude é inexperiente, não sabe o que é o certo a fazer, sua filha se lamentará, mas depois que estiver no convento, abençoará seu nome e no altar achará a verdadeira felicidade.
FLORÊNCIA – Tem razão, ela será freira.
AMBRÓSIO – A respeito de seu filho digo o mesmo, ele tem nove anos e podemos desde já cria-lo para ser frade.
FLORÊNCIA – Ontem comprei a roupa que ira vestir daqui em diante.
AMBRÓSIO – Assim não vai achar estranho quando for para o convento.

CENA II
FLORÊNCIA – Vem cá meu filho, está lindo com essa roupa!
AMBRÓSIO –