O nazismo

Segundo Robert Paxton, o fascismo pode ser entendido através de um modelo que ele denominou de informidade dinâmica. Tal paradigma mostra que o fascismo era sustentado por uma coalizão entre quatro pólos distintos: líder, partido, Estado e sociedade civil. Desse modo, longe de ser um poder monolítico, o fenômeno fascista comportava em seu interior disputas entre esses quatro pólos, principalmente entre líder e partido. A idéia de Hitler como um líder extremamente autoritário serve de álibi para a sociedade alemã, que assistiu passivamente os horrores do nazismo. A sociedade civil se calou diante do horror nazista não somente por medo, mas também por uma boa dose de adesão ao regime ou, pelo menos, de acomodação diante dos acontecimentos. O mesmo processo se deu na Itália de Mussolini. É importante ter em mente acima de tudo o fato de que nenhum ditador governa sozinho: é necessário obter a cooperação ou, no mínimo, a aquiescência das agências decisórias do poder organizado e das principais forças econômicas e sociais. Especificamente no caso do fascismo, é preciso levar em conta que sua ascensão ao poder foi resultado de uma aliança com as elites conservadoras, que naturalmente cobrariam a fatura pelo serviço prestado. Era preciso, em alguma medida, compartilhar o poder com o establishment conservador preexistente, o que tornou as ditaduras fascistas essencialmente diferentes do regime stalinista. Resultando de coalizões bastante amplas, os regimes fascistas abrigaram em seu interior diversas tensões e conflitos. De um lado, as elites conservadoras desejavam manter os cargos estratégicos no aparelho de Estado; de outro, os partidos queriam preenchê-los com seus quadros ou mesmo criar estruturas paralelas às estatais. No meio dessa disputa, estava o líder. Seja como for, é importante afirmar que o domínio fascista deve ser visto como uma luta interminável pela primazia interna a uma coalizão formada por pólos dotados de interesses tão