O mito do protesto pacífico

Em um país de apaixonados por futebol, natural seria que durante um evento como a Copa das Confederações todas as atenções se voltassem ao campeonato. Contudo, ao invés de se vestirem de verde e amarelo para torcerem pela seleção brasileira, milhões de pessoas foram às ruas reivindicar melhores condições de vida à população. E, dessa forma, os olhos do país se voltaram aos seus maiores problemas, desviando-se daquilo que sempre foi preocupação nacional: o futebol.

A mobilização da povo foi tão grande que também os maiores jornais nacionais e os internacionais, preparados para cobrir o evento esportivo, mudaram o foco para as manifestações populares. Desde que estas começaram, simultaneamente à Copa das Confederações, acompanha-se em toda imprensa uma cobertura completa das idas dos cidadãos brasileiros para as ruas protestar pelos seus direitos.

Inegavelmente, a população mostrou que tem força. Prova maior disso é que conseguiu alcançar o seu maior alvo: o governo. A este, que se encontrava entretido na organização de eventos internacionais, não restou outra alternativa senão a proposta de soluções às questões levantadas nas ruas.

Com isso, o país segue em um possível projeto de reforma política, a qual ainda não se sabe como ocorrerá, mas que certamente contará com participação popular. Seja como um plebiscito, como propõem os governistas, ou seja por um referendo, na forma apoiada pela oposição, é fato que o país não será mais o mesmo.

Desta forma, evidencia-se que as manifestações populares já conseguiram promover mudanças, na medida em que mobilizaram o país inteiro na discussão de questões que precisam ser alteradas. Mas para que estes protestos produzam efetivamente os resultados necessárias à consolidação do Brasil que os brasileiros das ruas desejam, a participação popular deve se tornar uma prática cotidiana. Para isso, a sociedade brasileira não pode se esquecer do poder que tem enquanto cidadãos e valer-se deste para transformarem o