O inicioda historia e as lagrimas de Tucidides

8179 palavras 33 páginas
Centro de Ensino Superior do Seridó – Campus de Caicó.
Publicação do Departamento de História e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
V. 03. N. 05, abr./mai. de 2002 – Semestral
ISSN ‐1518‐3394
Disponível em www.cerescaico.ufrn.br/mneme

Entre Clio e Melpomene: A Batalha de Salamina em Heródoto e Ésquilo

Ronaldo Silva Machado, rsmachado@zipmail.com.br http://www.rsmachado.cjb.net

RESUMO

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Este trabalho amplia e aprofunda questões discutidas em outra ocasião , onde se verificou a relação Poesia/História, presente em termos teóricos, na Poética de Aristóteles. Agora, este trabalho objetiva, a partir desse referencial levantado, aprofundar e ampliar a mesma problemática, analisando-a textualmente e inscrevendo-a no contexto específico da constituição do discurso racional na Grécia. Se estuda, comparativamente, a tematização do
“fato” histórico Batalha de Salamina na tragédia Os Persas de Ésquilo e nas Histórias (Livro
VIII, 40-117) de Heródoto. A partir do levantamento dos elementos formais e conteudísticos de cada um dos textos, se buscará, tal qual no trabalho anterior, estabelecer-se um marco comparativo entre esses dois discursos.
PALAVRAS-CHAVE: Tragédia, História, Heródoto, Ésquilo

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Filhas da Memória (Mnemosyne), as musas Clio e Melpomene patrocinam duas formas de discurso do pensamento grego clássico - a “história” e a tragédia, respectivamente - que buscam manter presente ao conjunto dos cidadãos da pólis, a memória das ações humanas, individuais e coletivas, que, de uma forma ou de outra, servem de paradigmas a serem observados, seguidos ou evitados.
Distante do conceito moderno, a “história” de Heródoto consiste em uma narrativa do resultado das investigações (historiès apodexis), longe de se constituir como uma disciplina especializada. Mas já é, sem dúvida, uma forma de pensar nova. Como escreveu Collingwood,
É uma tentativa de obter respostas para perguntas definidas, acerca de assuntos

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