O fenômeno de ser intérprete - capítulo 13
Intérprete
Resumo
Falar sobre os Intérpretes de Língua de Sinais é algo tão enigmático como tentar compreender a constituição do ser.
A proposição fenomenológica a priori não requer nem tenta divulgar uma resposta sobre o ser intérprete, apenas faz uma descrição indagatória às pessoas não surdas sobre quem elas são para si mesmas e para as pessoas surdas, mais precisamente, um convite na busca de respostas sobre quem é essa pessoa que chamamos de intérprete. O presente artigo evidencia também conflitos críticos atuais das pessoas não surdas com aqueles a quem constitui impreterível e inegavelmente, o ser pessoa surda.
Destes conflitos surgem perguntas desafiadoras que pretendem levar a uma reflexão não somente do ser intérprete enquanto profissional, mas uma reflexão enquanto pessoa não surda, enquanto aprendiz da Língua de Sinais, enquanto sujeito de confiança que compartilha o mesmo espaço das pessoas surdas, e como é de praxe na Fenomenologia, induzir a uma percepção descritiva das suas presentações.
1. O fenômeno de ser intérprete
As reflexões fenomenológicas sobre pessoa surda, seu corpo e sua relação com o mundo conduz a um desejo de considerar e aprofundar o olhar, sobre a ligação entre o ser surdo e o outro desse ser.
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Esse “outro” historicamente tem lugar privilegiado na filosofia, não apenas como possibilidade de se pensar de um outro modo, mas redescobrir suas potencialidades a partir do método fenomenológico. Não temos aqui como objetivo uma apresentação da maneira como a filosofia em diversas ocasiões pensou o outro, e sim apontar algumas considerações fenomenológicas que evidenciem o ser intérprete.
Estaremos aportando um referencial fenomenológico onde as investigações sobre o corpo, mais precisamente, nos pensamentos de Maurice Merleau-Ponty, onde o reconhecimento do corpo próprio e do corpo do outro são fundamentos primeiros para o início do nosso diálogo.
O corpo do outro está diante de mim, mas quanto a ele, leva uma