O espirito paulistano

Caro Espírito Paulistano,
Quem te escreve aqui é o Usuário dos Coletivos. O senhor não me conhece, mas eu conheço bem esta sua mentalidade automotiva de que o inferno são os outros. No caso, eu e meus amigos pedestres e ciclistas.
O senhor acredita que a nossa cidade deve ser uma cidade de vencedores, mas não engloba a todos no quesito vencedor. Está perfeitamente claro que nós somos considerados lixos, enquanto os motoristas são os verdadeiros cidadãos. Este pensamento alienável não passa de um discurso neoliberal, que fundamentado na questão da meritocracia, mantém a tradição de privilegiar/defender o direito individual em detrimento do coletivo.
Sendo assim, é obvio que o senhor rejeitaria o Plano Diretor de Haddad, cujo objetivo principal é o de acabar com o comodismo daqueles que possuem dinheiro, como o senhor, e “acidentalmente” acabam confundindo privilégio com direito.
Por isso, ao contrário do senhor, eu voto em Haddad, pois sei que alterar esse panorama demanda não só políticas públicas, mas uma mudança na mentalidade do brasileiro.
Desta forma, ao incentivar e melhorar o transporte público, a fim de desestimular o uso do transporte individual motorizado, tão defendido pelo senhor, desassociando o transporte público às classes baixas, é que estaremos aptos a transportar o tão defendido símbolo de status, os automóveis, ao patamar secundário do qual nunca deveria ter saído.
Penso que é perfeitamente viável as propostas de Haddad que visam reverter o cenário das cidades brasileiras, planejadas em função do carro, com prédios e garagens grandes, com bairros ligados por grandes vias rodoviárias. Ao invés, de “brilhantemente” desejar o retorno da Rota às ruas paulistas, incentivando a violência e defendendo ainda mais, o patrimônio daqueles que possuem dinheiro.
Com isso, sou completamente contrário ao seu perpetuado lema “Não sou conduzido, conduzo”. Ora, se serei expulso da cidade por não possuir um carro, não custa nada, tentar realmente