O EFEITO PLACEBO E A PSEUDOMEDICINA

2897 palavras 12 páginas
O EFEITO PLACEBO E A PSEUDOMEDICINA
HÉLIO SCHWARTSMAN ilustração HERNÁN REIG
17/05/2015 03h38

RESUMO Estudos sistemáticos realizados nos últimos anos mostram que práticas como a acupuntura e a homeopatia não são mais eficazes do que o uso de placebos. No caso do consumo de grandes quantidades de vitaminas, pesquisadores identificaram um surpreendente aumento no risco de câncer e problemas cardíacos.
O gentil leitor provavelmente nunca ouviu falar em crenoterapia, mas ela não só existe -consiste na "utilização medicinal de águas minerais como terapia", segundo o Houaiss- como em tese ainda é incentivada e custeada pelo SUS, nos termos da portaria 971, de 3 de maio de 2006, do Ministério da Saúde.
Esse mesmo texto legal determina a inclusão de acupuntura, homeopatia e fitoterapia nos serviços públicos de saúde. Não é difícil imaginar por que um político incluiria inutilidades, desde que faturáveis, na conta do SUS. Mas e os usuários? Como explicar que a homeopatia, por exemplo, tenha tantos fãs ardorosos sem reconhecer que eles podem estar convictos de que ela funciona?
E não são apenas os usuários. A grande maioria dos médicos homeopatas também acredita sinceramente nas virtudes e na eficácia de seu saber. Por quê? O que distingue a medicina científica, que existe há mais ou menos 200 anos e vem ajudando a elevar a expectativa de vida e a longevidade, de práticas de eficácia discutível que agruparemos sob a rubrica "pseudomedicina"?

Hernán Reig

Para esboçar uma resposta a essas perguntas, sirvo-me de três bons livros. O mais veemente é "Do You Believe in Magic?: The Sense and Nonsense of Alternative Medicine" (Você acredita em mágica?: o sentido e a falta de sentido da medicina alternativa), de Paul Offit, infectologista pediátrico, coinventor da vacina contra o rotavírus, que a essa altura já salvou milhares de vidas, e autor de várias obras que denunciam as crenças absurdas que conspiram contra a saúde pública. Offit bate sem dó em figuras bem

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