O Desprendimento em Meste Eckhart

977 palavras 4 páginas
Mestre Eckhart e o garoto nu

O pensamento ascético-místico de Mestre Eckhart Mestre Eckhart nascido em 1260 é um dos maiores expoentes da mística alemã. Sua indagação filosófica se dá no âmbito da relação do homem com o divino, da criatura com o Criador. No entanto, devida a grande valorização dos potenciais naturais do homem, a relação do homem com o divino se encontra em decadência, desgastada, desvaziada de sentido devido a predominância do nominalismo – as palavras já não colhem mais as realidades das coisas – e dos impetuosos rompimentos da grande síntese medieval entre razão e fé. É dentro desse contexto conturbado que Mestre Eckhart desenvolve a sua mística, uma busca do estreitamento da relação homem e divino através do desprendimento, pano de fundo de toda a sua produção filosófica. O desprendimento em Mestre Eckhart, a priori, é um meio sincero para o homem unir-se mais estreitamente a Deus. Para ele, o desprendimento está para além das virtudes.

O desprendimento O neologismo Abgeschiedenheit, alemão médio-alto abegescheidenheit, é um termo forjado por Mestre Eckhart para o perfeito repousar-em-si. Ao examinar melhor essa presença a si mesma, o homem se remete a um reconhecimento de si, um verdadeiro deixar-ser-si-mesmo sem nenhum tipo de acréscimo. Portanto, esse neologismo criado por Mestre Eckhart, Abegescheidenheit, comumente traduzido para o francês como détachement, quer dizer desprendimento. Então, o que se deve ser lido também através desse termo “é a maior liberdade possível – não uma liberdade de sentimento, mas essencialmente de vazio, de ‘sem vínculo’ real com qualquer outra coisa senão o que é – sendo ‘o que é’ o todo-originário sem nenhum tipo de acréscimo.” A própria questão de Deus em Mestre Eckhart está fundada no desprendimento, ou seja, na proposta de um homem desprendido até mesmo de Deus. O que está em evidência na filosofia eckhartiana não é um manual de como efetuar o vazio em si mesmo e

Relacionados