Júlio César Furtado dos Santos
Pedagogo, Psicólogo, Diplomado em Psicopedagogia pela Universidade de Havana, Cuba Mestre em Educação pela UFRJ Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Havana. Pró-reitor Acadêmico da UNIABEU-RJ
Ensinar a pescar ao invés de entregar o peixe pronto. Fazer do caminho, e não da chegada, a razão dajornada. Aprender com os erros. Todas essas máximas, tão embasadoras de uma nova postura diante do mundo são, também, o ponto de partida da promoção de uma aprendizagem significativa. A função instrumentalizante da Educação nunca foi tão ratificada quanto nos tempos atuais. Nunca estivemos tão diante da necessidade de criar, construir, mudar e redimensionar quanto nos encontramos na era atual. Aevolução da humanidade depende diretamente da evolução de como vemos e compreendemos o mundo e essa visão é essencialmente determinada pela maneira pela qual aprendemos a aprender esse mundo. A aceleração das mudanças e das inovações trouxe um problema de natureza essencialmente educacional: o modelo de aprendizagem comportamental não é mais suficiente para aprender o mundo, da forma como ele vem seapresentando de 30 anos para cá. A razão é simples. O conceito de aprendizagem teve que se tornar mais dinâmico e aprender passou a ser exigência instrumental, relativa e deixou de ser capacidade determinante, absoluta e estanque. A sobrevivência no mundo atual e no mundo que se anuncia dependerá da habilidade de saber aprender e “desaprender” com certa desenvoltura. O grande dilema que essanecessidade causa é que nossas atitudes ainda são bastante arraigadas nas crenças de caráter comportamental que construímos em nossa jornada escolar, o que torna essa mudança de paradigma, o maior desafio dos professores. Nos últimos 20 anos, temos assistido algumas tentativas legislativas, de âmbito nacional e regional voltadas para a mudança do paradigma de ensinar e aprender em nossas escolas. Essastentativas se igualam entre si, no tocante ao fato de que pouca ou nenhuma ação concreta é dedicada à promover a mudança de crença do professor.
Como resultado, temos que a as mudanças na política educacional têm influenciado muito pouco a prática do professor em sala de aula e, quando o faz, muitas vezes é por períodos breves de tempo. Estudos realizados na década de 90 nos Estados Unidoscomprovaram que as barreiras que as crenças dos professores erguem quando se começa a implementar uma “nova política” são as grandes responsáveis pelo fracasso da implementação. As características da Educação do nosso tempo, coerentes com a formação de um cidadão futuro instrumentalizado para protagonizar o seu tempo podem se resumir nas seguintes: autonomia, seletividade, planejamento, interaçãosocial, coletividade, flexibilidade e criatividade. Há evidências de que estas são as condições básicas para se atingir o sucesso nesse novo século. O modelo de aprendizagem que embasa as necessidades de nosso tempo não é mais o modelo tradicional que acredita que o aluno deve receber informação prontas e ter, como única tarefa, repeti-las na íntegra. A promoção da aprendizagem significativa sefundamenta num modelo dinâmico, no qual o aluno é levado em conta, com todos os seus saberes e interconexões mentais. A verdadeira aprendizagem se dá quando o aluno (re)constrói o conhecimento e forma conceitos sólidos sobre o mundo, o que vai possibilitá-lo agir e reagir diante da realidade. Cremos, com convicção e com o respaldo do mundo que nos cerca, que não há mais espaço para a repetiçãoautomática, para a falta de contextualização e para a aprendizagem que não seja significativa. A concretização dessa aprendizagem se dá através do que entendemos ser os sete passos da (re)construção do conhecimento: 1. O sentir – toda aprendizagem parte de um significado contextual e emocional. 2. O perceber – após contextualizar o educando precisa ser levado a perceber as características específicas do...