O combate dos soldados de cristo na terra dos papagaios- luiz felipe baêta neves
I- A primeira vista, trata-se de um estudo sobre uma área ideológica do século XVI no Brasil. Um dos mais perniciosos modos de introdução de centramento é aquele que confunde um determinado tempo cronológico com todos os demais, reduzindo estes a uma única linearidade de sucessões onde o presente é apenas aquilo que se oferece fisicamente ao nosso olhar. Ilusória contemporaneidade que (pág. 15) sufoca as diferenças de ritmo, de coesão e de ruptura que marcam e diferenciam, distribuem e articulam as diferentes instâncias de uma formação econômico-social determinada. Os objetos que estudamos viveram no século XVI (e antes dele). Como negar a presença- autoritária e obscura- de um feixe de ideologias que permeia desde práticas institucionais e políticas públicas e que trata das formas de exclusão e dominação, determinando suas regras?è dessas formas e regras que tratamos, especialmente no que atinge os indígenas brasileiros que tiveram contato com membros de uma ordem religiosa católica no século XVI – a Companhia de Jesus (pág. 16). Queremos, então, desvendar um pouco das relações de poder, das determinações entre saber e poder, das articulações menos visíveis (mais capilares) entre Fé e Império.
II- As datas que balizam esta pesquisa são 1549 e 1570, respectivamente datas da chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil, acompanhados do primeiro governador-geral, e morte de Nóbrega. As fontes essenciais são as cartas jesuítas de Nóbrega e Anchieta, especialmente para a análise da ideologia religiosa (pág. 20 e 21).
CAPÍTULO I- A história da companhia de Jesus no Brasil é a história de uma missão. A missão supõe uma série de continuidades, ”geográfica, humana, temporal e assim sucessivamente. Supõe uma continuidade relativa; requer alguns pontos de segurança onde se possa apoiar para conquistar pontos esquivos, descontínuos. Esta, não aceita pontos descontínuos absolutos; quando teme