O Capote

O capote - Nicolai Gogol
O conto é rápido e passageiro, mas faz pensar. Trata-se de um simples trabalhador, acostumado e viciado na tarefa repetitiva de copiar documentos. Todo dia leva trabalho para casa e não se cansa de fazer o que faz. Na verdade sente prazer nisso e somente nisso, chegando até a recusar um serviço de melhor valor intelectual. Preso em sua rotina diária é alienado do mundo em que vive, vive na verdade de seu próprio mundo, pouco percebendo o que o espreita. Mas essa rotina é quebrada quando seu capote, já velho e todo remendado é dado como sem conserto. O alfaiate que até então fazia milagres para cobrir furos e remendos no sobretudo convence o seu habitual cliente de que aquela peça não mais teria conserto. Eis então que o dilema na vida da personagem passa a ser economizar para conseguir comprar um novo capote, que na verdade será fabricado por ninguém menos que o seu alfaiate. Mas para tanto, de dinheiro é preciso e eis que o cliente não possui toda a quantia necessária. Ganhando pouco para os padrões da época ele se submete a uma rotina de sacrifícios e economiza cada centavo que pode, parando até mesmo de levar serviço para casa, a fim de economizar nas velas. Mas como todo sacrifício tem um fim o de Acaqui Acaquievich também chega. Após alguns meses e um bônus de Natal mais gordo que o normal ele compra finalmente seu capote novo. Deve-se lembrar que na Rússia, durante o inverno as temperaturas chegam frequentemente abaixo de zero e que um capote além de uma peça ornamental é também uma proteção contra o vento e o frio. Proteção essa que até então nosso personagem desconhecia, devido ao estado do seu capote antigo, que foi aposentado com honras, mas sem lágrimas nos olhos. Já de posse do seu capote novo, todos os seus colegas o parabenizam, não só pelo capote novo, mas pelo que ele representa que é uma mudança nos hábitos tão rotineiros e consagrados. A exaltação dos seus colegas é tanta