O caos nas periferias decorrente da ausência de um Estado mais atuante, segundo o pensamento maquiavélico

Falar da relação entre a ausência de um Estado mais atuante e a consequência dessa omissão na população, nos remete diretamente a Maquiavel em sua obra "O Príncipe", pois nessa obra o autor aborda exatamente as consequências dessa "brecha" que o Estado cria por não ter um "pulso mais firme" nas regiões periféricas (e, porque não dizer, fora delas também). Segundo dados publicados pela ONU (Folha de São Paulo, Agosto de 2012), cerca de 111 milhões de pessoas vivem em favelas na América Latina, e somando isso ao fato do Brasil ser a cidade com o maior número de favelas dessa região do continente americano, conclui-se que existe uma quantidade alarmante de brasileiros vivendo atualmente nas favelas. Com isso, fica mais difícil estabelecer uma ordem concreta e atuante, com leis mais restritas e rigorosas, o que, segundo o pensamento maquiavélico, acaba culminando em um caos.
Essa ausência de um Estado mais rígido que, por consequência, abre espaço para outros tipos de atores, é abordada em filmes como Cidade de Deus e Tropa de Elite, onde vemos favelas totalmente organizadas, mas que são governadas por chefes de tráficos e não pelo Estado. Até mesmo na forma de governo dos chefes de tráfico é possível encontrar traços do pensamento maquiávelico, pois para que os traficantes se mantivessem no poder era necessário "Virtude" (ou seja, capacidade de tomar decisões) e "Fortuna" (que, no ponto de vista do autor, seria a Sorte). Outro exemplo que pode ser citado como referência do pensamento de Maquiável é a ganância de Zé Pequeno, no filme Cidade de Deus, e dos políticos corruptos no filme Tropa de Elite, pois em ambos os casos vemos exemplos de como Maquiavel vê a natureza do homem, um ser ganancioso e egoísta.
Por fim, conclui-se que uma possível solução para essa questão da falta de uma atuação mais presente do Estado nas favelas, é lidar com essa situação segundo o pensamento maquiavélico, dadas as similaridades com o livro O Príncipe. Ou seja, o príncipe deve