O CABELEIRA
Resumo
Ao acompanhar a trajetória do bandido, Franklin Távora oscila entre a análise objetiva e o recurso idealizante. José Gomes, o Cabeleira, nos é mostrado como fruto de circunstâncias ambientais e há registros interessantes sobre a vida nordestina, principalmente sobre a seca. Igualmente a pesquisa histórica que realizou acerca do cangaceiro é séria e confere valor documental ao texto. Aliás, todos os seus relatos têm um substrato no passado nordestino e não seria equivocado rotulá-los também de romances históricos.
Fora isso, Távora apresenta uma visão progressista sobre o cangaço, pois acredita que um bom sistema educacional resolveria muitos dos problemas do banditismo do mundo agrário. Revela assim a sua proximidade com aquela ideologia "ilustrada" que Castro Alves e outros românticos da última geração expressavam: a crença de que o progresso e a harmonia social viriam através do livro e da escola. Verdade que isso se dá no relato através de insistentes interrupções do narrador. Esses comentários marginais tornam-se, completamente inúteis à seqüência da ação romanesca.
Contudo, o pior problema do texto - no desenvolvimento da intriga e dos caracteres dos personagens - é o triunfo do mais rasteiro convencionalismo romântico. Levado ao crime "pelas baixas paixões que à sombra da ignorância e da impunidade haviam crescido sem freio", o cruel Cabeleira reencontra uma antiga de infância, a jovem Luisinha. De imediato, apaixona-se por ela e dispõe-se a mais completa regeneração, abandonando as armas e as forças do mal em troca da companhia da heroína. O amor que ambos vivem no sertão - enquanto a polícia persegue o cangaceiro - é de uma ênfase melodramática inverossímil. Mas Luisinha morre por causa de ferimento provocado por um incêndio e o Cabeleira acaba preso sem resistência. É julgado pelos seus crimes e enforcado.
O narrador aproveita-se desse final para manifestar sua indignação com a pena de morte e acusar a sociedade:
A justiça executou o