O bom selvagem

5872 palavras 24 páginas
Rousseau - estado de natureza, o “bom selvagem” e as sociedades indígenas
José Sávio Leopoldi

N

osso objetivo neste trabalho é resgatar alguns aspectos da obra de
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) que tragam alguma contribuição à discussão de temas que têm especial importância para o campo da antropologia. Estaremos sobretudo interessados nas considerações em torno do estado de natureza e de sua sintonia com desenvolvimentos na área antropológica, com destaque para as sociedades indígenas.
Essa articulação entre aspectos da obra de Rousseau e a antropologia propriamente dita, ou mais especificamente a etnologia, é particularmente apropriada se se considera que ele tratou de temas tão caros a esta disciplina que foi apontado como um dos grandes precursores dela. É o que diz, por exemplo,
Lévi-Strauss ao afirmar que
[Rousseau] havia concebido, querido e anunciado a etnologia um século inteiro antes que ela fizesse a sua aparição, colocando-a, de pronto, entre as ciências naturais e humanas já constituídas. (...) Rousseau não se limitou a prever a etnologia: ele a fundou. Inicialmente de modo prático, escrevendo este Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi

158 ALCEU - v.2 - n.4 - p. 158 a 172 - jan./jun. 2002

les hommes. Nele se pode ver o primeiro tratado de etnologia geral, onde se coloca o problema das relações entre a natureza e a cultura.1
Por isso mesmo, causa estranheza o fato da obra de Rousseau e de outros filósofos e pensadores políticos não terem sido incorporadas ao campo antropológico com o vigor que se poderia esperar, pelas contribuições que trariam às discussões sobre temas que foram tratados por eles com inegável lucidez e criatividade, particularmente considerando as limitações do conhecimento científico, no período em que foram escritas, nos domínios que viriam a constituir as ciências humanas.

Estado de natureza
Para Rousseau o estado de natureza não caracteriza um período da história humana

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