o amor romantico
ISMAI – Instituto Superior da Maia, Portugal
As mulheres e os discursos genderizados sobre o amor: a caminho do “amor confluente” ou o retorno ao mito do “amor romântico”? esumo:
Resumo O papel do amor na dinâmica da intimidade é inegável nas sociedades ocidentais, sendo inclusivamente um dos elementos centrais da vida social. O argumento de que o amor constitui o motor do desenvolvimento das relações interpessoais, sobretudo para as mulheres, representa uma peça fundamental na construção dos discursos sociais sobre a felicidade humana e os factores que a configuram. Tradicionalmente perspectivado como feminino, o amor tem sido apontado às mulheres como a sua suprema vocação,1 enredando-as, não raras vezes, num ideal de intimidade potencialmente castrador da sua autonomia e liberdade pessoal.
Este artigo pretende reflectir criticamente a respeito das implicações da construção social dos discursos sociais sobre o amor na vivência da intimidade adulta feminina heterossexual, a partir de uma leitura feminista crítica. Discute-se neste documento a importância de assumir o discurso amoroso como um discurso paritário e democrático. alavras-chave: Palavras-chave amor; feminismo crítico; construccionismo social.
Copyright 2007 by Revista
Estudos Feministas.
1
Simone de BEAUVOIR, 1976.
1. O amor sob o prisma das ciências sociais: breve incursão introdutória
Anne BEALL e Robert STERNBERG,
1995; e STERNBERG, 1998.
As concepções sobre o amor são de extrema importância para a organização das várias culturas e sociedades porque implicitamente definem o que é apropriado e desejável nas relações entre os indivíduos.2
Especialmente nas sociedades ocidentais o amor tem sido entendido como basilar na interacção social,3 sendo para alguns/as autores/as a chave de todas as escolhas humanas.4
2
Ashley MONTAGU, 1970, citada por Patricia NOLLER, 1996.
4
José CARVALHO, 2003.
3
Estudos Feministas,