I de alberto caeiro

683 palavras 3 páginas
O poeta declara nunca ter guardado rebanhos ("Eu nunca guardei rebanhos"), mas tudo funciona como se os guardasse e que ele se aproxima, pois, de um guardador de rebanhos, mas não realmente, ficticiamente ("é como se os guardasse"), por artes do fingimento (um dos pólos na poesia de Pessoa). Há uma parte de si que se comporta de facto como um pastor a sua alma (“Minha alma é como um pastor,”). Ela é caracterizada como íntima da natureza ("Conhece o vento e o solo"), marcada pela sedução da viagem ("E anda pela mão das Estações/A seguir"), preocupada sobretudo com olhar ("e a olhar"). E a relação da alma com a natureza, profundamente íntima, não é uma relacão qualquer, já que a alma "Conhece o vento e o sol/E anda pela mão das Estações". O poeta, em consequência de possuir uma alma assim, tem acesso a toda a paz que uma Natureza sem gente faculta - ela vai sentar-se a seu lado. Mesmo assim, o poeta fica triste ("Mas eu fico triste"). E dá imagem da sua tristeza, como quando acontece uma desilusão, como quando um bem cessa, se converte num mal ("E se sente a noite entrada"), imperceptivelmente ("Como uma borboleta pela janela"). Notar as aliterações e os jogos de sons para exprimir o modo como o pôr do sol acontece à noite entrada, e daí como a tristeza interfere com o poeta. O poeta fica triste de uma tristeza “natural e justa”, por isso ele se não excede, antes se conforma ("Mas a minha tristeza é sossego"). Tal tristeza é “natural e justa” ("E é o que deve estar na alma") quando a alma se ocupa em pensar ("Quando já pensa que existe"), e não dá pela natureza pelas flores que as mãos colhem ("E as mãos colhem flores sem ela dar por isso"). A alma do poeta encontra-se dividida - uma parte devotada à simplicidade, à paz, à natureza, à sensibilidade, e outra à tristeza, ao pensamento. É merecido, confessa o poeta, ser triste, quando o pensamento invade a alma. Os seus pensamentos aparecem ruidosamente "Com um ruído de chocalhos” destituídos de simplicidade,

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