A utopia do desenvolvimento sustentável.
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão*
RESUMO - Este texto mapeia brevemente o caminho percorrido nas últimas décadas sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, indicando seu progressivo enriquecimento lado a lado com crescente imprecisão teórica. Para a construção mais sólida desse conceito, se propõe uma abertura de visão para áreas pouco vistas por ambientalistas, como a psicanálise e a filosofia oriental, entre outras.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Ecologia. Modernidade.
O pensamento ambiental, desde seu início na segunda metade do século XX, mostra uma imbricação entre temas e propostas nas áreas da ecologia, economia, política e sociologia.
Ao mesmo tempo ele é profundamente diversificado, apontando para mudanças econômicas e sociais com matizes muito diferentes, de tal forma que é possível perguntar se o seu conceitochave, o desenvolvimento sustentável, pode ser construído de uma forma que não seja apenas utópica, e se é possível realmente intervir nos pontos principais sobre os quais o pensamento ambiental se debruçou, muitas vezes de forma bastante radical.
Procuremos em princípio situar o que queremos dizer. Vamos nos reportar ao texto da
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, publicado em 1987, síntese de um conjunto amplo de discussões sobre estes dois temas, e que é um dos textos fundadores do movimento ecológico moderno.
Já no seu primeiro capítulo, o texto alerta para o consumo excessivo de recursos da terra comprometendo o consumo das gerações futuras. Mais do que isso, esse consumo é desequilibrado entre as comunidades humanas, com cada país lutando pela prosperidade ou sobrevivência sem considerar o impacto que causa sobre os demais. Embora tenha havido progressos em várias partes do mundo, do ponto de vista da fome e da miséria, por exemplo, com frequência a prosperidade conseguida em algumas partes do mundo é precária, pois foi obtida
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