A supervalorização da exterioridade nos contos Machadianos.

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A supervalorização da exterioridade nos contos Machadianos.

Discutiremos neste ensaio o conto “O Espelho” em comparação ao conto "Teoria do medalhão". Ambos reunidos em “Papéis Avulsos” . No início desta obra que tem X contos do autor. Podemos dizer que é aqui que Machado começa a cunhar a fórmula mais recorrente em seus contos: a contradição dualista entre parecer e ser, entre a máscara e o desejo, entre a vida pública e os impulsos obscuros da vida interior, caindo sempre na fatal escravidão do sujeito à aparência dominante. Machado deixa exposta a relação de dependência do mundo interior em face da conveniência do mais forte. É a combinação móvel do desejo e o interesse no reconhecimento social que fundamenta as teorias de comportamento propostas nos contos machadianos de maneiras geral, mas principalmente nos que escolhemos para esta análise.
O principal viés a ser abordado neste ensaio será o da critica machadiana à sociedade de aparências, ou seja, a perspectiva das falsas aparências e dos disfarces. Podemos sintetizar desde já, que nos dois contos os personagens são regidos por sua “alma exterior”, pelo valor dado a parte externa de seus “medalhões”.
Começando pela análise de “ O Espelho”, retomando seu enredo, temos quatro ou cinco cavalheiros filosofando sobre assuntos de alta transcendência, sem grandes discordâncias. Eis que Jacobina é pressionado a se impor, uma vez que sempre se abstinha das discussões com a desculpa de que era “uma herança bestial”. Este propõe que “cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro pra fora, outra que olha de fora pra dentro...”.(p.96)
A seguir define a alma, de maneira metafísica, como uma laranja; uma das metades seria a “alma exterior” e a outra a “alma interior”. As duas devem coexistir dentro do homem: “Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência”(idem). Segundo sua teoria, a alma exterior poderia ser qualquer coisa: “pode ser um espírito, um fluido,

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