a sociedade contra o estado

História Antiga I –

CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado. In: PINSKY, Jaime (org). Modos de produção na Antiguidade. 4ª Ed. São Paulo: Global, 1988. P. 61 – 79
61 – “As sociedades primitivas são sociedades sem Estado”, nessa afirmação, vemos um olhar etnocêntrico, vendo essa “falta” como algo que torna uma sociedade inferior a outra, e fazendo com que cheguemos à conclusão de que todas precisam ou tenham passado por esse processo para serem consideradas evoluídas.

62 - Nas formulações modernas, as sociedades arcaicas estão sempre sob o critério da falta: sem Estado, sem escrita, sem história, e no mais sério, sem mercados. Sua economia é baseada na subsistência, o que muitas vezes leva ao pensamento de que é incapaz de produzir excedentes, estando apenas preocupadas em produzir o que é necessário. Outra ideia é de que sua inferioridade tecnológica faz com que sejam estagnadas.

63 – Levando em conta de que a técnica “seja um conjunto de processos que os homens se munem para garantir o domínio do meio natural adaptado e relativo às suas necessidades”, as sociedades primitivas possuem essa capacidade para satisfazer suas necessidades. Não há hierarquia na tecnologia e campo de técnica, apenas há a necessidades e os equipamentos para satisfazê-las.

64 – Por conta desse modo de vida e economia,quando os europeus chegaram,houve um grande choque, pois os índios passavam a maioria do tempo em ócio, dedicando poucas horas ao trabalho. Em uma cultura que vive basicamente de dois axiomas: que a sociedade se desenvolve sob a sombra do Estado e que é necessário trabalhar, os europeus colocaram os indígenas para trabalhar e, logo, estes começaram a morrer.

65 – Os nativos eram acostumados a dedicar poucas horas ao trabalho. Os tupis-guaranis, por exemplo, basicamente agricultores, e, acessoriamente, caçadores, pescadores e coletores, utilizavam uma área de cultivo por quatro a seis anos, depois era abandonada, por esgotar-se o solo ou por invasão de