A sobrevivencia

1638 palavras 7 páginas
Esta lógica floreada de dignidade do trabalho é, para alguém como Bertrand Russell, uma mera ilusão convenientemente orquestrada e empregada para ludibriar os trabalhadores ao longo de várias gerações. Uma ilusão patrocinada pelas elites, pois estabelecer este tipo de percepção serviu exatamente para aplacar os pobres, isto é, foram os ricos quem pregaram o discurso da dignidade do trabalho para os pobres “enquanto tratavam de se manter indignos a respeito do mesmo assunto”. O trabalho enobrece, mas os nobres não trabalham – ou pelo menos não realizam a mesma natureza de trabalho a qual se dedicam os pobres. Então emerge uma distinção das atividades desempenhadas pelas classes sociais.

Desde os tempos clássicos do florescimento da cultura ocidental, o trabalho veio passando por construções e interpretações variáveis. Se no período pré-socrático (VI a V a.C.) havia uma noção que associava de maneira harmoniosa técnica e especulação abstrata, esta visão não durou através dos períodos seguintes. Era comum na Grécia de então que as classes ligadas à manufatura, ao artesanato e atividades comerciais tivessem respeito social e até detivessem o poder nas polis. Sólon, um grande reformador das leis em Atenas, chegou a estabelecer que nenhum filho teria obrigação de garantir a subsistência e o amparo a seu pai na velhice se este não houvesse lhe ensinado um ofício, indício que demonstrava a importância de uma profissão e do trabalho na sociedade grega naquela época. Um conflito conceitual em torno do trabalho foi travado ainda na Grécia. De um lado debatia-se a noção de que o trabalho deveria ser valorizado por ter relação ao conhecimento, de outro lado, contudo, o trabalho era desvalorizado como uma atividade inferior relativa à sua prática física irrefletida e mecanizada e a segunda perspectiva acabou prevalecendo. A técnica se afastou da abstração, o trabalho físico, em conseqüência, se divorciou do trabalho intelectual. A escravidão e o emprego de cativos no

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