A Repetição na teoria de Freud

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2 A REPETIÇÃO NA TEORIA DE FREUD: O
RETORNO DO RECALCADO E A COMPULSÃO
À REPETIÇÃO

É possível precisar dois momentos específicos na teorização freudiana sobre a repetição. São eles: “Recordar, repetir e elaborar” (1914) e Além do princípio de prazer (1920). Contudo, Freud faz menção a este tema em diversas ocasiões ao longo de sua construção teórica, seja antes de 1914 ou posteriormente a 1920.
Não parece novidade afirmar que a repetição se impôs a Freud, desde o início de sua prática clínica. Assim, em uma época anterior às formulações sobre o caso de Dora e aos escritos sobre técnica, quando ele começa a abordar temas cruciais como a transferência e a resistência e a relação entre tais temas e a repetição, é admissível antever no texto Projeto para uma psicologia científica (1895), algo que se aproxima do que se pode chamar de “origem” do fenômeno repetição.
No fim do século XIX, Freud começava a desenvolver sua teoria sobre a estruturação do psiquismo. Ele almejava responder, com essa teoria, ao enigma do que é o ser humano. A interpretação de sonhos (1900) é sua resposta, porém, no Projeto já é possível encontrar

algumas

das

premissas

teóricas

que

ele

desenvolveria

posteriormente. Além de dar seus primeiros passos na construção do aparelho psíquico,
Freud comenta, paralelamente, no Projeto, sobre o surgimento do fenômeno repetição.
Muitos consideram1 que a noção de facilitação pode ser entendida como um ponto de partida para as formulações que resultarão na teoria sobre a compulsão à repetição.
Aliás, é o conceito de facilitação que permite pensar o aparelho psíquico como sendo
1

KAUFMANN. Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud e Lacan. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1996.

20

um aparelho de memória, na medida em que são as facilitações entre os neurônios que constituem a memória, isto é, a representação de todas as influências que um determinado conjunto de neurônios

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