A poesia concreta

507 palavras 3 páginas
A Poesia Concreta Dizem os luminares da vida acadêmica que o século 20 é O Século de Freud. O Século de Freud será o século 21. Será o século em que estudaremos a fundo o ser humano, seus desejos, seus impulsos. O século 20 é O Século de Pavlov. Ou seja, o século em que todos os esforços se dão na direção de manipular as pessoas, e não de entendê-las. O Dr. Pavlov era um cientista russo que desenvolveu, através de estudos Psicologia Experimental, uma teoria do condicionamento humano, sujeito a técnicas de estímulos respostas. Ficou famoso pela sua experiência com cães. Ele tocava a sineta no laboratório e logo em seguida servia comida aos cachorros esfaimados. O cachorro entendia que logo depois da sineta vinha a comida, e, mal ouvia a sineta, começava a salivar, mesmo que não aparecesse comida nenhuma. Ninguém descreveu melhor o Século de Pavlov do que o saudoso poeta, tradutor e crítico José Paulo Paes, no poema “Pavloviana” (no livro Um por todos, Ed. Brasiliense, 1986). O poema se organiza graficamente de uma maneira impossível de reproduzir aqui, mas valha a intenção. A primeira estrofe diz: “A comida a sineta a saliva / a sineta a saliva a saliva / a saliva a saliva a saliva”. A primeira linha descreve o processo inicial. A segunda mostra que, retirada a comida e mantida a sineta, a salivação continua. Por fim, a própria sineta pode ser retirada. O cachorro lembra dela, ou então está apenas acostumado, e fica salivando sem parar. Eis a segunda estrofe: “O mistério o rito a igreja / o rito a igreja a igreja / a igreja a igreja a igreja”. Toda religião nasce de um mistério. É criado um rito para celebrar esse mistério, e depois uma igreja para perpetuar o mistério e o rito. O problema é que com o passar dos séculos perde-se o interesse pelo mistério, e o próprio rito se desvaloriza dentro da igreja, transformada numa máquina gigantesca e autônoma.
Eis a quarta estrofe: “A emoção a idéia a palavra / a idéia a palavra a palavra / a palavra a palavra A

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