A pesquisa acadêmica antropológica

A PESQUISA ACADÊMICA ANTROPOLÓGICA

Em, “A pesquisa Acadêmica – comentários desde uma pesquisa Antropológica”, Mariza Corrêa, faz uma crítica a pesquisa acadêmica antropológica, também válida para as ciências sociais como um todo. Tem como problemática a inadequação na forma de ensino e repercussões desta, na pesquisa antropológica, uma vez que, considera o ensino como base de estímulos para as pesquisas. Uma questão que abrange as ciências sociais em geral é a tensão encontrada nas pesquisas, decorrente da objetivação, que levam a crença em dois tipos de humanidades, a lógica do “nós”(própria sociedade), objeto de estudo da sociologia e ciência política e dos “outros”(sociedades exóticas), objeto da antropologia. Nesse sentido a etnologia é a área mais bem sucedida na antropologia brasileira. O ensino da etnografia como central no exercício da antropologia, ignora alguns aspectos importantes. Os estudos etnográficos privilegiam as micro-relações, ignorando de certa forma, o mundo em que estas estão inseridas, e expõem os alunos precocemente a outras culturas, reforçando a exotização dos povos, culturas, grupos sociais. Ressaltando também, que a tradição etnográfica, bem como a de estudos bibliográficos, se deram em um contexto histórico específico, onde traduziam interesses de determinadas sociedades (ex. colonialismo britânico e norte-americano). O modelo etnográfico tradicional, que pressupõe o estudo de uma comunidade, com cultura compartilhada e determinado roteiro, se confronta com novos objetos de pesquisa, que possuem várias comunidades, confluências culturais e uma multiplicidade de roteiros, com inúmeras fontes e variados canais de expressão. Assim, a receita etnográfica tradicional se torna inadequada ao mundo contemporâneo. Há uma tendência nas ciências sociais de reconstrução dos objetos como totalidade, através da parcialização do conhecimento (ex. Antropologia ou sociologia da religião, da família, do trabalho), que desconsidera a