A percepção do tempo no judaísmo

1409 palavras 6 páginas
A percepção do tempo no judaísmo

Ir. Judite Paulina Mayer*

O Concílio Vaticano II, através da Declaração Nostra Aetate, incentivou os cristãos a voltarem às fontes, buscando o conhecimento do judaísmo, tanto para respeitar os judeus tal como eles se definem, bem como redescobrir as raízes da fé cristã[1]. Para o Cristianismo conhecer o Judaísmo, tal como ele se define hoje, é preciso aprofundar sua identidade[2]. Um ponto fundamental da identidade judaica é a importância que se atribui ao tempo. Enquanto outros povos se destacam pelos traços espaciais como pirâmides, muralhas, jardins suspensos etc., o povo judeu transmite para a humanidade o relato da experiência de um Deus Um que fez Aliança e cuja narrativa já inicia com a noção do tempo: No princípio , Deus criou o céu e a terra... (Gn 1,1). Observante ou não, o judeu reconhece que seu povo é regido por um calendário, lunar, que possui um ritmo que rege sua vida, desde o nascimento até sua morte. Nascimento, maioridade religiosa, casamento, luto são ocasiões privilegiadas de manifestar o elo de cada pessoa com Deus e com o povo. Para o povo judeu, Deus se manifesta no tempo, fazendo história com o povo, através da Aliança. Os hebreus foram salvos da escravidão do Egito para se tornarem servidores de Deus, aceitando a Aliança concluída no Sinai. A memória é parte essencial da noção do tempo: Lembra-te ... que fostes escravo no Egito, que te tirei com mão forte da casa da escravidão...do dia em que no Sinai recebestes a Torá[3]... da espera messiânica...do fim dos dias.... da misericórdia. Geração após geração, fazer memória dos acontecimentos e maravilhas de Deus é uma mitzva[4]. No decorrer dos dias e dos anos, os preceitos pontuam o tempo, principalmente no cotidiano. A preocupação de viver segundo a aliança que Deus estabeleceu com o povo se concretiza em atos. Os dias, as semanas, os meses, os anos são ritmados pelas mitzvot, visto como meios privilegiados de penetrar cada

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