A Partida

A Partida – “Departures” The gift of last memories “Departures” – The gift of last memories
Luis Alberto Saporetti*

O objetivo do presente texto é expressar minhas percepções a respeito do filme “A Partida”, de Yôjiro Takita, as quais apresentei no Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

A busca pelo Sentido da Vida
Daigo Kobayashi é um violoncelista medíocre que tocava em uma orquestra que acaba de se dissolver. Começou a tocar por influência de seu pai, o qual desapareceu com outra mulher quando era pequeno. Nunca demonstrou verdadeira expressão no seu tocar e por essa razão sentia-se frustrado. Resolveu, então, retornar para sua cidade natal com sua esposa e lá começou a trabalhar em uma agência funerária peculiar. O Sr Ikuei Sasaki, dono da funerária, era um Mestre da Arte do Nokanshi, a Arte de preparar ritualisticamente os corpos para a Partida.
Inicialmente, Daigo aceita seu trabalho por ser muito bem pago. Infelizmente seu primeiro contato com a morte ocorre em uma situação extremamente desagradável: uma senhora havia sido encontrada morta em seu apartamento já em estado de putrefação.

Ao retornar, Daigo sente-se infectado, sujo, toma inúmeros banhos, não consegue olhar para um frango morto, não consegue comer. Em casa ama apaixonadamente sua mulher como se aquele fosse seu último momento. Naquela noite, algo sublime acontece. Daigo levanta-se a noite, pega seu violoncelo e toca a dor de sua alma. Não toca mais para o público, não toca mais pelo seu pai. Toca por que sua alma pede expressão, pede espaço diante da dor da morte e da perda.
Daigo apaixona-se pelo que faz e aprende com seu Mestre toda a Arte de tornar Sagrado o último momento daquele corpo. Vê pessoas chorarem e rirem a despedida dos seus entes queridos. No entanto, quando sua mulher descobre seu trabalho escuso, volta-se contra ele e pede para que o abandone. Daigo não pode mais, pois sua alma havia