A organização social no brasil

A AUTORA
Maríiia Franco Professora Doutora no Departamento de Audiovisual da ECA-USP e orientadora do Projeto Educom.TV do NCE - Núcleo de Comunicação e Educação da ECAAJSP.
CIDADE DE DEUS 1 - O FILME
"Sua verdade estética é uma reinterpretação, em alta tecnologia, do mais puro neo-realismo." o filme Cidade de Deus é um fenômeno de comunicação audiovisual e há vários moti- vos para qualificá-lo assim. Comecemos pelos números de bilhete- ria. Em um mês - setembro de 2002 (o filme estreou em 30 de agosto de 2002) fez mais de um milhão e meio de especta- dores no circuito brasileiro de cinemas. Isso ganha mais sentido se trouxermos algumas referências: das produções nacio- nais, somente filmes da Xuxa e dos Trapa- lhões costumam passar de um milhão de espectadores, em alguns meses de exibição. Quando Cidade de Deus foi lançado, Abril despedaçado, de Walter Salles, esta- va com cerca de 300 mil espectadores, em 17 semanas de exibição e Bicho de sete cabeças, de Lais Bodanzky, tinha fechado em tomo de 450 mil bilhetes vendid~s.~ Vale acrescentar que, mesmo antes de iniciar sua carreira nos cinemas do Bra- sil, o filme, que participou do Festival de Cannes, na França, já estava vendido para os mercados europeu e norte-americano. Além dos números, Cidade de Deus apresentou novidades quanto à abrangên- cia do público. Houve expressiva bilhete- ria entre as classes C, D e E, normalmente pouco representativas como espectadoras de filmes brasileiros, além dos clássicos Xuxa e Trapalhões. O filme teve também uma inusitada re- percussão na área intelectual. Não só os críticos escreveram sobre ele, mas textos de vários outros profissionais,j ornalistas, professores rechearam publicações e sites. A tônica desses textos era de perplexida- de diante do filme, com interpretações muito diferentes, pessoais, sociais, psico-
1. Cidade de Deus - 2002 - baseado no romance homônimo de Paulo Lins. Direção: Femando Meireles; co-direção: Kátia Lund; Roteiro: Bráulio Mantovani;