A opinião e as massas
Texto 4
Capítulo I: O público e a multidão
A multidão atrai o expectador. O vínculo que existe entre eles é a vontade partilhada no mesmo momento por um grande número de homens. Certos escritores designam por esta palavra todos os tipos de agrupamento humano. Analisando a sensação de atualidade, vê-se que atualidade não é só aquilo que acaba de acontecer, mas tudo que inspira atualmente um interesse geral. A formação de um público supõe uma evolução mental e social bem mais avançada do que a formação de uma multidão. O objetivo do texto é analisar e procurar entender de onde vem e como nasceu o público, quais suas relações com as multidões, com as corporações e suas variedades.
Não há palavra em latim nem em grego que corresponda ao que entendemos por público, mas sim as que correspondem ao povo, grupo eleitorais, etc. Na idade média não existia não existiu um escritor que pudesse classificar um grupo específico, como existe hoje. O público só pôde começar a nascer após o primeiro grande desenvolvimento da invenção da imprensa, no século XVI.
Da Revolução data o verdadeiro advento do jornalismo e, consequentemente, do público, de que ela foi a febre do crescimento. O que caracterizava a época é esse pulular de jornais que eclodem em 1789. Todavia, o público revolucionário era, sobretudo, parisiense. Fora de Paris sua irradiação era pequena. Da multidão ao público a distância é imensa, embora o público proceda em parte de uma espécie de multidão. Pode se pertencer ao mesmo tempo a vários públicos, mas só se pode pertencer a uma única multidão de cada vez.
Pode-se contestar que toda multidão tenha um líder. Um leitor de jornal dispõe de mais liberdade do que um indivíduo perdido dentro de uma multidão. O leitor pode refletir em silêncio sobre o que lê ou mudar de jornal quando não está satisfeito com aquele até encontrar algo que o agrade. Do outro lado, o jornalista deve agradá-lo utilizando as mais variadas técnicas de textos para