A meia entrada e o igualitarismo cultural

A meia-entrada e o igualitarismo cultural

Decorrida a euforia das manifestações de rua, o Congresso brasileiro voltou a abranger em sua pauta muitos temas notórios, dentre eles a distribuição dos royalties do petróleo para a educação e saúde. Porém, assuntos que dividem a sociedade nacional geram espalhafato entre os parlamentares, acarretando em projetos que retrocedem o país, como tentar limitar a meia-entrada conquistada aos estudantes, carentes e idosos já faz alguns anos.
De fato, a redução do valor das entradas em eventos festivos representa uma oportunidade maior para que os jovens escolham sua profissão. Muitos necessitam de auxílio para o desígnio, e a melhor forma de obtê-lo é tendo contato direto com um representante do ofício. Além disso, anciãos e portadores de necessidades especiais, pela inaptidão ao trabalho, possuem seus direitos asseverados pelo Estado, como a isenção das passagens de ônibus por exemplo.
Apesar disso, diversos representantes da elite apóiam a limitação dos “carteirinhas” nos espetáculos, alegando que o prejuízo para os organizadores é brutal. Entre eles está a atriz Fernanda Montenegro, cujo pensamento é contrário ao “vício em ingresso barato e em meia-entrada”.
No entanto, para o operário brasileiro que sobrevive com um salário mínimo por mês - em torno de R$ 678,00 –, o valor integral do ingresso para uma peça teatral, por exemplo, seria impossível de ser pago, levando em conta seus gastos com moradia e alimentação.
Portanto, a redução do valor das entradas pela metade do preço foi um avanço da pátria rumo ao igualitarismo, por isso a hipótese de restringir o número de beneficiários por evento deve ser arquivada. Um individuo que não depende de sua classe social para assistir espetáculos de boa qualidade, é o mesmo que critica e sabe escolher melhor seus representantes.