A língua falada e escrita em formação

A LÍNGUA FALADA E ESCRITA EM FORMAÇÃO

Francinete Oliveira da Silva1
O presente trabalho tem como objetivo analisar foneticamente interações alternadas de uma criança de seis anos de idade, como também a escrita dessa fala, tendo em vista que nessa fase a oralidade ainda estar em desenvolvimento, é espontânea e natural.
Iagho Luís, meu filho, é uma criança muito inteligente e comunicativa, apesar da pouca idade já desperta interesse pela leitura e escrita, colecionando vários livros de literatura infantil.
De acordo com Bortoni-Ricardo (2004, p. 23), “no domínio do lar, as pessoas exercem os papéis sociais de pai, mãe, filho, filha, avô, tio, avó, marido, mulher, etc. [..] um diálogo entre mãe e filho, [...] verificamos características linguísticas que marcam ambos os papéis”. Mediante essa afirmação podemos entender que o indivíduo aprende a falar da mesma forma que ouve, de acordo com as variações linguísticas do meio em que está inserido.
Utilizando métodos como a observação em situações diferentes, reunir alguns materiais para o desenvolvimento desta análise, como a gravação da fala e da escrita também como anotações que serão expostas para melhor compreensão da análise. Vejamos:
Dia 06 de maio de 2014, às 22h30min da noite em um diálogo antes de dormir:
“ Mamãi, tu num sabi viver sem eu não? I si tu orasse pra Deus te dá Oto filho?[...] jésuis vai continuá abençuanu nossus sonhus. Vamos orá agora? Papai do céu muitu obrigadu pelu pãu de cada di cada dia, pelu calçá, pelu vesti, nau mi dexa tê pesadelus, em nome di Jésuis. Améim.”
Neste evento de oralidade fica clara a troca da vogal átona /e/ pela vogal /i/ nas palavras “mamai, sabi, i, si, orassi, ti, di, mi.” Houve também a troca das vogais médias /e/ e /o/ pela vogal /i/ e /u/ nas palavras “nau, pãu, du”, neste caso ocorre a neutralização das vogais /u/ e /o/. A redução do ditongo “ei” é visível na palavra “dexa”, deste modo, acontece monotongação, já nas palavras “falanu, abençuanu, vamu”