A ironia na Música
A ironia não é privilégio da filosofia. Ela ocorre na literatura, na música, na comédia. Sua característica principal é remeter-se a uma determinada situação social para interrogá-la.
Para entender a utilização da ironia na música podemos nos remeter a um período histórico do
Brasil bastante recente. O período da ditadura militar que foi de 1964 a 1984. Durante boa parte desta fase de nossa história os cidadãos eram proibidos de expressar seus pensamentos a respeito da política, da economia e até da sexualidade. Neste período as obras de arte como filmes, novelas e músicas eram censuradas pelo poder público. Assim como Sócrates na Grécia antiga, no Brasil muitas pessoas foram presas, exiladas e mortas por insistirem em defender o direito a liberdade de pensamento. Como Sócrates, algumas músicas utilizaram a ironia como forma de questionar aqueles que se afirmam pelo poder da força física e não pela qualidade de seus argumentos. Podemos citar Chico Buarque de Holanda, cantor e compositor que no período da ditadura utilizou a música como forma de se engajar na luta contra a ditadura. A esse tipo de música podemos denominar “arte engajada”. A música “Acorda amor” é um exemplo do engajamento da arte nas questões sociais e políticas do Brasil.
A Ironia em Machado de Assis
A ironia é um recurso de pensamento frequentemente utilizado na literatura brasileira. Consiste em dizer o contrário do que se está pensando ou em satirizar, questionar certo tipo de comportamento com a intenção de ridicularizá-lo, de ressaltar algum aspecto passível de crítica.
Machado de Assis assume o realismo para questionar os valores da sociedade carioca fundada no romantismo burguês europeu e decadente do século XIX. Para isso o autor cria um personagem: Brás Cubas. Em Memórias Póstumas de Braz Cubas, um romance considerado realista, Machado de Assis dá vida a um narrador que já está morto a fim de narrar a vida com total isenção, e descomprometimento.