A invenção da zona sul carioca
ORIGENS E DIFUSÃO DO TOPÔNIMO ZONA SUL
NA GEOGRAFIA CARIOCA
ELIZABETH DEZOUZART CARDOSO1
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Introdução
Corrêa (2003), em texto publicado sobre as relações entre o fenômeno urbano e a geografia cultural, trata da importância da toponímia para estes estudos. Em suas palavras (p. 176): “A toponímia constitui-se em relevante marca cultural e expressa uma efetiva apropriação do espaço por um dado grupo cultural. É ainda um poderoso elemento identitário. A toponímia, em realidade, articula linguagem, política territorial e identidade”. Mais adiante, neste mesmo texto, Corrêa demonstra, citando
Ferreira da Silva, como no Rio de Janeiro o topônimo Tijuca, foi se impondo a várias áreas ao redor deste bairro, fazendo desaparecer outros antigos topônimos. Este fato foi patrocinado pelos promotores imobiliários
“desejosos de valorizar os imóveis verticalizados, por meio da venda de um endereço de prestígio para um segmento social procedente, via de regra, de bairros de status social inferior e que via na Tijuca, agora ampliada espacialmente, o lugar de uma identidade social desejada.”
(CORRÊA, 2003:176-177).
O historiador Da Mata (2005) também nos apresentou argumentos significativos sobre a importância do estudo da toponímia. Em suas palavras: O nome é sempre muito mais que um signo. Ele está de tal forma amalgamado com aquilo que representa, que nas mais diversas culturas sua escolha nunca é deixada à obra do acaso,
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Bolsista recém-doutora
Programa da Pós-Graduação em Geografia - UERJ
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pois o nome traduz (seríamos quase tentados a dizer produz) a essência de quem ou daquilo que nomeia (DA MATA,
2005:119).
Um topônimo pode carregar uma série de representações e também permitir que em torno dele se estabeleçam identidades que darão a esse lugar ou aos seus moradores, um poder (HALL, 2006). Assim, intimamente ligada às identidades e representações, por si só já