A hist ria cultural de David Z na luta pela independ ncia de Angola

4143 palavras 17 páginas
“A gente às vezes passa fome para libertar o nosso povo”: A história cultural de David Zé e a sua relação com a luta pela independência angolana. 1966-1977
Introdução
David Zé (1944-1977), nome artístico de David Gabriel José Ferreira, é uma peça fundamental para a compreensão de um tema ainda pouco abordado pela historiografia brasileira e angolana: as reações artísticas dos angolanos frente ao golpe-contragolpe fraccionista de 27 de maio de 1977. Neste episódio, temos mais quatro personagens de suma importância: Nito Alves (1945-1977), ex-dirigente do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), revoltado com a postura ideológica do seu superior, o primeiro presidente republicano, Agostinho Neto (1922-1979), um dos principais responsáveis pelo processo de descolonização. Dessa revolta, resultaria uma oposição entre outros dois movimentos ditos nacionalistas, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), liderada pelo falecido General Mobuto Sese Seko. De uma nova fragmentação será criada a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), por Jonas Malheiro Savimbi.
Nossa proposta gira em torno dos movimentos culturais desse período, num contexto em que política e cultura estão intrinsecamente ligadas, principalmente quando se percebe uma lacuna historiográfica no que diz respeito às manifestações artísticas frente ao golpe fraccionista angolano. Antes, porém, é preciso fazer a contextualização, do ponto de vista de uma leitura, vista de cima, dita tradicional, para depois problematizar a relação entre a política e a cultura angolana no processo de independência e no pós-independência.
A denominação golpe-contragolpe fraccionista, está relacionada à tentativa – por parte de Nito Alves − de fracionar o MPLA e a um atentado contra a vida do então presidente, Agostinho Neto. Ambas as tentativas de golpe fracassaram e os “Nitistas” (seguidores de Nito Alves) foram perseguidos, presos, torturados e mortos no contragolpe. Não se sabe a data

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