A Hip Tese De Kuznets E Mudan A Na Rela O Entre Desigualdade E Crescimento De Renda No Brasil

12813 palavras 52 páginas
A HIPÓTESE DE KUZNETS E MUDANÇAS NA RELAÇÃO ENTRE
DESIGUALDADE E CRESCIMENTO DE RENDA NO BRASIL
Fabricio Linhares*
Roberto Tatiwa Ferreira*
Guilherme Diniz Irffi**
Cecília Maria Bortolassi Macedo***

A relação entre desigualdade e renda na forma de “U” invertido, conhecida como a hipótese de Kuznets, ainda é bastante controversa. Diversos trabalhos têm analisado os dados brasileiros, mas os resultados não são tão claros quanto a sua validade. Este artigo investiga essa relação para um painel de dados no Brasil e sua heterogeneidade entre as unidades que compõem o país. Estimativas de modelos econométricos com efeito threshold mostram que a forma de “U” invertido, como sugerido por Kuznets, só ocorre nas economias com renda per capita mensal acima de R$ 258,00. Para as demais, mudanças na renda não têm efeito direto sobre a desigualdade. Esse resultado mostra que políticas de crescimento econômico não necessariamente melhoram a distribuição de renda de todos os estados brasileiros. O governo deveria, portanto, investir na criação de programas mais direcionados a cada perfil socioeconômico estadual e reavaliar políticas governamentais do tipo Top-Down para a superação de problemas sociais, entre eles a desigualdade na distribuição de renda no Brasil.
Palavras-chave: crescimento econômico; desigualdade de renda; hipótese de Kuznets; modelos threshold.

1 INTRODUÇÃO

A desigualdade na distribuição de renda é considerada um problema crônico em várias sociedades e causa grande inquietação em seus governantes, principalmente por ser associada ao seu quadro de pobreza, à qualidade de seus índices de criminalidade, de saúde e de educação e à apropriação desproporcional de seus ganhos de produtividade. Interessante notar que mesmo após inúmeras ações públicas ela ainda permanece nas economias atuais. Essa persistência histórica e suas múltiplas decorrências a tornaram um tema marcante nos debates políticos e nos estudos acadêmicos. Afinal, para combatê-la efetivamente, é

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