A felicidade desesperadamente

1053 palavras 5 páginas
Essa tal felicidade

Stella Galvão

É banal de tão recorrente. A ideia de felicidade toma de assalto todos, sem exceção. Elegemos dias, situações, sensações felizes vividas ou desejadas. É a felicidade algo mais que uma sensação fugaz que nos enche de contentamento? A ideia de uma vida feliz pertence unicamente aos contos de fada? Será esta ideia o alimento da alma que ansia por prazer e satisfação? Será mesmo a facilidade algo docemente plácido e reconfortante, mas etéreo, alheio à concretude dos dias? Mesmo porque aquilo que se deseja de uma forma tão premente, tão intensa, tão desesperadamente, frequentemente flerta com a frustração, o insucesso, o tombo. É possível viver plenamente a felicidade? Que nos digam os filósofos.

Próximo ao período em que a ideia de felicidade se traduz em uma mesa farta e presentes, muitos presentes, trago do fundo da prateleira um livro minúsculo em tamanho, mas denso, propositivo, provocador. Em 'A felicidade, desesperadamente' (editora Martins Fontes), o filósofo francês André Comte-Sponville toma o leitor pela mão e o conduz pelas ideias daqueles que se debruçaram sobre a empreitada de definir essa tal felicidade. Como Pascal, físico, matemático e filósofo, autor de algumas das mais famosas reflexões sobre o tema: "A felicidade é o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar", escreveu ele no século XVII.

A felicidade é o motor da aventura humana, diz-nos Sponville, que recua aos gregos, a Sócrates e a Platão, Aristóteles, Epicuro, e depois nos sintoniza com a versão de Spinoza e de Kant sobre esta busca atávica do homem: ser feliz, ou desejar sê-lo, ou ainda buscar meios para imaginar-se em estado de felicidade. O tema andou no limbo, e sofreu um resgate na segunda metade do século XX, e virou produto de consumo imediato. Comprou uma passagem, uma roupa, um pote de manteiga, e fez-se feliz. Compre e drible o mal estar.

Mas é nos gregos que surge a noção de felicidade como

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