a ciência e a sociedade

10929 palavras 44 páginas
O processo “barbarizador”: reflexões sobre a desigualdade e a violência urbanas no Brasil.
Pedro Paulo de Oliveira

O objetivo desse trabalho é repensar alguns fatos que são sobejamente conhecidos por todos. Assim os dados aqui apresentados são apenas elementos que permitem uma entrada para a reflexão que segue. O nosso tema é a violência e a sua relação com alguns fatores, dentre os quais a pobreza e a desigualdade social, sendo o Rio de Janeiro o foco geográfico da análise.
A cidade maravilhosa pode ser vista como um resumo do Brasil em função dos seus contrastes explícitos. Sem entrar em minúcias territoriais mais detidas, pode-se perceber a
Zona Sul carioca (dela excluídos os enclaves de miséria também lá existentes) como um território de civilização, contrastando com os enormes bolsões de miséria que se estendem subúrbios adentro e morros afora, marcados por um cotidiano em que se pode descrever uma sociabilidade longe dos padrões de territórios pacificados, em virtude dos altos índices de violência ali registrados.

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A oposição social entre a Zona Sul e os bairros pobres fica evidenciada nas diferenças apontadas pelos índices de desenvolvimento humano que foram constatados para estas regiões distintas. Enquanto tem-se, por exemplo, uma expectativa de vida de 80,45 anos para os moradores da Gávea, bem como de 79,47 e 78,25 anos respectivamente nos bairros do Leblon e da Urca, lócus domiciliar de agentes pertencentes às classes bem posicionadas, em Acari, bairro pobre do subúrbio, essa média cai para 63,93 anos e no
Complexo do Alemão (conurbação de favelas) não chega a 65 anos (64,79). Outro índice bastante significativo é aquele que indica a renda per capita dos habitantes da cidade.
Enquanto na Lagoa (bairro de elite) essa renda atingia quase R$ 3.000,00 (mais do que 17 vezes a média de Acari, que é de R$174,12), no Complexo do Alemão e em outros bairros pobres não chegava a R$ 180,00 1.
Esses dados, ao lado de tantos outros,

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