wefwe

4446 palavras 18 páginas
Burocracia arendtiana e diluição da responsabilidade da administração pública1

Bruno de Oliveira Rodrigues2

Resumo: A proposta de Lord Cromer das raízes da burocracia no Egito é esclarecedora e viabiliza uma análise sobre engenharia social e institucional brasileira pautada numa burocracia desviante que sucumbe e despista a responsabilização personalística do agente administrativo e a deposita diretamente numa personalidade abstrata do estado, que não tem rosto. Para tanto, faz-se mister caracterizar o homem brasileiro que compõe essa maquinaria pública e como ele se comporta uma vez incumbido da atividade pública na própria relação com essa coisa pública, nisso as características do homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda e do jeitinho de Roberto DaMatta tornam-se fundamentais para demonstrar a tensão existente entre estrutura e sujeito dentro de uma institucionalidade que afrouxa as rédeas dos cidadãos no que se refere ao cuidado com a coisa pública, criando um imaginário de que essa essência pública é equiparação automática ao não tem dono, ou ainda, ao não é de ninguém, portanto, passível de ser apropriada ou dilapidada no uso particular. Dessa forma, a máquina pública é o reino despótico da estabilidade laboral que permite a despersonalização e ineficiência da máquina pública sem que ninguém possa indicar o responsável, já que essa máquina-burocracia libera uma espessa fumaça escura que não permite identificar rostos. De acordo com Hannah Arendt, a burocracia é governo-meio, isto é, mediação para uma suposta finalidade elevada por meio de um homem especialista-experiente, mas que, ao fundo mistifica a indiferença, o alheamento, a influência pessoal nos negócios públicos, que potencializa a vaidade pessoal, que mantém sigilo dos desvios pessoais na coisa pública, que coisifica o homem, que esconde a obliqua secretude das coisas e a esvaziação do indivíduo.

Palavras Chaves: Burocracia; Lord Cromer; impessoalidade; jeitinho e homem cordial.

Relacionados

  • Nao leia!
    269 palavras | 2 páginas
  • regra de segurança
    296 palavras | 2 páginas
  • protocolo
    415 palavras | 2 páginas
  • Trabalho em grupo: analise de sistemas
    464 palavras | 2 páginas