voce vera

Voc verLuiz Vilela Pego um txi no hotel. So quatro e quinze o dia ainda est escuro. Nas ruas, iluminadas, no h quase nenhum movimento nem de gente nem de carros. A cidade dorme. O txi me deixa na rodoviria, que tambm, a essa hora, est quase deserta, com quase tudo fechado. Mas eu descubro um barzinho aberto e vou at ele. O dono um simptico senhor de meia-idade, cabelos grisalhos, bigode faz uma expresso de surpresa ao me ver entrando. Eu explico meu nibus s seis, mas eu no tinha ainda comprado a passagem, e ento... Ele sacode a cabea, concordando. Pergunta o que eu quero. Um cafezinho. Cafezinho no tem ainda, ele diz mas eu vou fazer. Eu espero. Deixo minha mala, pequena, no cho, empoleiro-me no banquinho e fico esperando. No bar um cmodo onde, alm do essencial para o bar funcionar, mal cabem as duas mesas com cadeiras que nele esto s h ns dois, e nenhum fala nada enquanto ele faz o caf. Pendurada na parede h uma foto da cidade, uma vista area. A foto grande e est numa moldura caprichada, de vidro. Ele despeja a gua fervente, e uma fumacinha sobe, espalhando pelo ar o cheiro bom do caf recm-coado. Pega ento uma xcara e um pires, brancos, de loua, e pe minha frente. Em seguida, puxa para mais perto de mim o aucareiro e um copinho de vidro com as colherzinhas. Tomo o primeiro gole. Ele fica espera, me observando, e ento pergunta Est bom Est, eu digo est timo. Ele sorri, contente. Mais alguma coisa Olho, atravs do vidro do balco, os doces e os salgadinhos no h muito o que escolher. Um po-de-queijo, digo. Ele pega, com o pegador de metal, um po-de-queijo o maior, eu noto e me d. Voc mineiro, pergunta. Por causa do po-de-queijo No, no por causa do po-de-queijo porque mineiro no perde o trem... Eu rio e repito a minha explicao sobre a passagem. Voc est certo, ele diz, amvel. E o senhor, pergunto, para ser educado. O senhor daqui Daqui no tem ningum, ele diz todo mundo aqui de fora. Eu balano a cabea, meio envergonhado da pergunta que fizera, pois... Eu