Vital

O livro “A Utopia Urbana” teve sua primeira edição publicada em 1973 e foi uma versão revisada da Dissertação de mestrado do autor, Gilberto Velho. Na passagem dos anos 60 para os 70, a antropologia urbana estava dando seus primeiros passos em direção a consolidação desses estudos no meio acadêmico. A expressão Antropologia Urbana, não era comumente usada, Gilberto Velho evidencia isso em seu texto, pois a antropologia brasileira, na época, estava voltada para os estudos das sociedades ditas “tradicionais” como as camponesas e indígenas, especialmente. Começavam os estudos urbanos voltados para as favelas, garantindo ao pesquisador certo distanciamento do universo investigado. Era inédito, ainda, o estudo de um universo do qual o pesquisador fazia parte ativamente.
O trabalho tratou de seguir os interesses do antropólogo sobre as camadas médias urbanas pesquisando moradores de um prédio em que ele morou no bairro de Copacabana. O autor desenvolverá um trabalho sobre as camadas médias residentes no bairro atentando para suas representações e estilos de vida. Seu interesse propulsor estava em, diante do crescimento populacional do bairro, e dos problemas decorrentes dessa alta densidade, entender o que impulsionava novos moradores a residir nele e aos que ali estavam a permanecer. Tendo como foco principal da pesquisa o “prédio”, seu objetivo era, no entanto, captar através deste o bairro de Copacabana e o fenômeno a ele associado, em posição relacional com a cidade. O livro é dividido em quarto capítulos que vão da apresentação do bairro ao aprofundamento das visões de mundo e estilos de vida de indivíduos residentes ali.
No primeiro capítulo, “O Bairro”, o autor apresenta Copacabana desde seus aspectos históricos de formação urbanística, passando por estatísticas demográficas, até o ritmo de ocupação do bairro por alguns de seus personagens. Nesse capítulo sua intenção é mostrar o processo de passagem do bairro tranquilo para a “floresta de cimento armado”, de