VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
AUTORES: Lilia Blima Schraiber 1
Ana Flávia Pires Lucas d’ Oliveira 1 Márcia Thereza Couto 2
Campos científicos, pesquisas e objetos – interfaces
Neste texto refletimos acerca das dimensões te- órica, metodológica e ética em estudos que to- mam a violência contra mulheres como objeto da Saúde Coletiva, pretendendo mostrar suas necessárias imbricações. Referidas à saúde, nos- sas considerações estão, ainda, circunscritas à violência nas relações interpessoais de gênero. Também examinaremos as interfaces daquelas dimensões; não cada qual. Por fim, trata-se de elaborações feitas com base em cotidianos de pesquisa; reflexões epistemológicas de cientistas acerca de suas práticas.
Produção similar não é novidade nas Ciên- cias Humanas e Sociais, ainda que incomum em outros campos e também na Saúde, quer em seu ramo experimental biomédico, quer na Epide- miologia. Em estudos do social, são as pesquisas qualitativas, pela característica da experiência de campo da qual se investe o pesquisador, as que fomentam inúmeras discussões de nature- za teórico-metodológica e ética no fazer da pes- quisa. No entanto, encontraremos alguns textos que tratam também das pesquisas sociológicas quantitativas. Inspiram-nos, portanto, Bourdieu et al. 1, ou o clássico livro organizado por Nunes 2, com os magistrais textos de DaMatta (O Ofício de Etnólogo, ou Como Ter “Anthropological Blues”, 1978) e de Velho (Observando o Familiar, 1987). É com a qualidade de “lições aprendidas no dia-
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25 Sup 2:S205-S216, 2009 a-dia” que pretendemos contribuir ao nosso campo.
Consideremos, primeiramente, que para a produção do conhecimento científico há duas modalidades de relações necessárias: entre re- ferenciais teóricos e metodológicos; e entre me- todologia e ética da pesquisa. A primeira dessas relações indica que as escolhas de recortes do