Verbete

O conceito de “endoculturação”: A antropologia moderna tem-se servido do conceito de endoculturação como método primordial de apreensão de cultura. Neste sentido, a endoculturação prevalece sobre os determinismos biológico e geográfico, afastando a noção adotada anteriormente pela antropologia (ainda que não totalmente, considerando teorias têm diversos graus de prevalência umas sobre as outras) de que as diferenças de comportamento existentes entre homens e mulheres ocorrem devido ao fato de serem indivíduos biologicamente diferentes, ou que a diversidade cultural é influenciada pelo ambiente geográfico no qual está inserida. A resposta dada a questões como estas, caminha no sentido de que as pessoas agem de acordo com determinadas maneiras e seguindo certos padrões porque foram assim ensinadas (Laraia). O que se chama de endoculturação, portanto, é um processo de apreensão de cultura próprio do ser humano que o difere das demais espécies animais, incapazes de estabelecer o raciocínio de transmissão e aprimoramento das relações aos seus descendentes.
Deve-se levar em conta que o estudo do processo da endoculturação é relevante na construção do conceito de cultura. Edward Tylor elaborou o vocábulo Culture como “este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Percebe-se nesta definição a presença do elemento externo cultura, refutando-se a ideia da cultura inata. Segundo Laraia, veio ainda Locke sustentar a posição de que não se nasce ser cultural, mas torna-se ser cultural, quando defende que a mente é uma caixa vazia dotada de uma capacidade ilimitada de obter conhecimento. Outros foram os autores que seguiram esta mesma linha de pensamento, não falando diretamente em endoculturação, por se tratar de um termo mais recente, porém expressando suas ideias a priori.
Enrique Dussel, adotando uma visão filosófica da cultura, vai além ao