Ver ou não ver - Oliver Sacks

Em “Ver ou Não Ver”, vemos a mentalidade do homem sob outro aspecto a partir de uma tentativa de entender como é a mentalidade de um homem que realmente viveu “vendo” o mundo sob outro aspecto. O caso citado, de Virgil, nos mostra como se dá a vida de alguém desprovido de visão. Essas pessoas aprendem a viver e sentir a vida de uma forma diferente da nossa, pois a capacidade que ele tem de entender o que lhe rodeia é diferenciada. Até os cinquenta anos, Virgil vive sua vida sem saber o que é visão, pois cresceu sem ela, e ao se tratar e passar a enxergar, ele não consegue compreender a visão em sua totalidade. O que para nós é imprescindível, para ele parece ser sem sentido. O que para nós dá forma ao mundo e a tudo que sempre vimos, para ele é só uma explosão de cores, luzes, sombras e outras percepções. Apesar de poder ver, Virgil não percebe a profundidade do que vê, não compreende a forma das coisas que sempre só tocou, ouviu e cheirou, e com isso não consegue usar a visão a seu favor. Ao perder a visão novamente por uma doença, acaba voltando à sua “visão de mundo” original, a qual sempre lhe orientou. Podemos, com este relato, refletir sobre as coisas que compõem nossas vidas. Talvez estejamos carregados de ideias ou valores que sempre fizeram parte do nosso mundo psicológico. Talvez por isso seja difícil aceitar novos valores e ideias ou mudar nossos conceitos pessoais, pois crescemos com eles e tudo que é novo se torna difícil de aceitar ou entender. É uma questão de “ver ou não ver” um novo mundo.